quinta-feira, 28 de julho de 2016

7. Sem pena

"Nenhuma população carcerária cresce na velocidade da brasileira, que já é a terceira maior do mundo. Sem Pena desce ao inferno da vida nas prisões brasileiras para expor as entranhas do sistema de justiça do país, demonstrando como morosidade, preconceito e a cultura do medo só fazem ampliar a violência e o abismo social existente".

Direção e montagem: Eugenio Puppo

http://www.sempena.com.br/

Façam seus comentários até 15/08


17 comentários:

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  2. Muito rico essa coleta dos relatos sobre o sistema carcerário com o intuito de contrapor a realidade aos discursos que a alimentam cotidianamente. Fiquei convencido de já ter ouvido aquele tipo de discurso proferido pela desembargadora, num boteco qualquer frequentado pelo senso comum. É um trabalho riquíssimo que contribui, e muito, com reflexões de várias partes envolvidas naquilo que é, para além do encarceramento, uma guerra aos pobres.
    A escolha em não personificar os discursos e mostrar as instituições burocratizando o futuro de seres humanos, deixa claro que há todo um aparato que sustenta e é sustentado por preconceitos.
    Eu pessoalmente tenho em mente essa instituição chamada juiz, essa autoridade investida, como protetora dos interesses do Estado, e, salvo engano, esses interesses são puramente econômicos, como quando não há preocupação em sanar uma injustiça cometida contra alguém que é absolvida, mas apenas uma preocupação em não criar novos gastos para o poder público. O sistema e sua justificação são no mínimo abjetos.

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  3. O documentário revela de maneira muito real os mecanismos da justiça brasileira e o sistema carcerário. Dentro das experiências cotidianas do senso comum ouvimos não sem certa frequência de pessoas que roubaram uma galinha, junto com grandes criminosos. Assim como ouvimos que há uma escola do crime nas prisões. Este documentário desvela a realidade destes pontos mostrando como eles acontecem. Trazendo reflexões muito ricas sobre a relação da sociedade com o crime, a desigualdade social, a burocracia judiciária, o sistema de práticas corruptas das instâncias de segurança pública, a única conclusão plausível a se tirar é que da maneira que todas estas coisas estão organizadas, não está funcionando. E automaticamente os desdobramentos do diagnóstico são muitos, a começar com a pergunta: “o que seria um sistema de segurança pública que funcione?”
    Das muitas reflexões interessantes dos documentários, uma delas aponta para o critério da opinião pública como determinante na avaliação da polícia. Tratar a segurança pública como análise estatística de dados é um erro muito grave e os governantes cientes disso aproveitam desta abordagem para tirar benefício, como aconteceu no estado de São Paulo (http://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/2015/11/1703796-manobra-da-gestao-alckmin-diminui-numero-de-homicidios-em-sp.shtml )
    Nota-se ademais como a justiça também está determinada por lógicas que lhes são alheias como a de mercado ou às subjetividades dos juízes que aplicam as penas. Tal fato é particularmente grave na medida em que a justiça sempre se arvora de isenção, imparcialidade e correção epistemológica. E no imaginário popular, reforçado pelos programas policias que exploram a violência, goza ainda de algum prestígio, embora ao longo dos anos o Ìndice de Confiança Social (IBOPE) tenha caído para próximo de 50%. Ou seja, metade da população não confia na Justiça brasileira e outra metade confia (http://www.ibope.com.br/pt-br/noticias/Paginas/Instituicees-politicas-perdem-ainda-mais-a-confianca-dos-brasileiros.aspx ). Surpreende ainda e isso é especialmente provocador, que a mídia desfruta de grande confiabilidade e ela perpetra os valores de um pequeno grupo de pessoas, para uma grande parte da população instaurando uma cultura de massa que se engendra na cultura e na formação dos advogados, juízes e policiais, reforçando cada vez mais esta fábrica de injustiça chamada prisão.

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  4. De um modo geral, os presídios brasileiros, não conseguem fazer com que os detentos tenham uma ressocialização esperada. O que observamos é a ineficácia das penitenciárias em atender a recuperação daquele que está preso por ter cometido determinado crime, transformando o que deveria ser um ‘centro de reabilitação’, em uma ‘universidade do crime’.
    No documentário vemos basicamente a mesma coisa, notamos a falta de oportunidade de estudo e trabalho e a disparidade social , o que faz com que a população carcerária, seja em sua maioria, jovem, negra e pobre. Outro aspecto que também é mostrado é que o desrespeito no cárcere tem como consequência a vinculação dos réus primários a facções criminosas.
    A educação profissional e o trabalho penitenciário são necessários, pois sãos os melhores métodos de combate a reincidência, tendo em vista que, assim como falado anteriormente, a maior parte da população carcerária é. Entretanto o Estado é ineficaz quanto a estruturação de meios eficazes contra preceitos existenciais.

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  6. Um ponto que pode ser levantado em conta depois de ver o documentário é o sentimento de justiça. O sujeito, em sociedade, internaliza o conceito básico de justiça e de bem claramente definido. Certo e errado são claramente demarcados. Com essa idéia de justiça o sujeito depara-se durante a vida um realidade injusta, diferente do discurso que aprendeu da família, e de outras instituições. A crise de valores é flagrante: ora, sendo uma pessoa justa, sofro injustiça, que eu ao menos cometa a injustiça para que possa sofrer por aquilo que fiz.
    O discurso social tem grande repercussão na mentalidade, e quem mais sofre o impacto dessa contradição é o pobre, e consequentemente, o preto.
    Esse processo pode ocorrer fora ou dentro do cárcere, como mostrado pelo documentário.
    A forma de ação da polícia parece ser o maior problema no caso apresentado, prendendo sem critérios e não cumprindo a lei, coisa que ela deveria fazer.
    Roger Scruton, em seu livro "O que é conservadorismo" apresenta uma crítica a noção de punição trocada pela noção de reeducação. Segundo ele a punição é algo que os governados almejam, compõem parte de seus anseios e a legitimidade da lei se faz em boa parte nisso.
    Sua argumentação deve ser considerada, afinal, saber que o criminoso está de alguma forma sendo punido diminui o anseio de vingança sendo de alguma forma mais justa e civilizada. Mas pensando no caso do Brasil, em primeiro lugar todos são inocentes até que se prove o contrário, o que não ocorre na prática. Em segundo lugar, é preciso pensar nesses mesmos termos de civilização, que uma punição que não seja minimamente disciplinadora não é defensável, senão ela se torna a simples vingança efetuada pelo estado e de modo geralmente desproporcional. Em terceiro lugar, na nossa lei não existe a pena de morte e sinal de civilização é cumprir a lei. Não dar nenhuma perspectiva de recuperação é extremamente incivilizado de modo que estas instituições alimentam um ciclo vicioso que a agride. Portanto, nos termos civilizatórios não cabe permanecer no elogio da punição, mas pensar alguma forma de reintrodução do cidadão que cometeu alguma infração. E cabe pensá-la urgentemente. Afinal é a nossa civilização, a única que postulou como objetivos a igualdade perante a lei e a liberdade de expressão, que contretizou principalmente retoricamente e em menor escala institucionalmente, instituições que almejam mudar nessa sociedade o que não cumpre seu discurso. Urge conservar o que deve ser conservado, aplicar o que está na lei, e descartar o que não merece ser conservado e as leis que não tem o efeito norteado por essa mesma sociedade.

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  7. O documentário mostra como o sistema penitenciário é extremamente falho e injusto apesar de possuir como valor a realização da justiça. Vemos pessoas condenadas por crimes que não cometeram, devido ao despreparo da justiça em averiguar os fatos, pessoas que já cumpriram suas penas, mas continuam presas devido a desorganização dos processos, pessoas que cometeram crimes pequenos convivendo com pessoas que cometeram crimes graves, sem contar com facções opostas reunidas no mesmo ambiente.
    A instituição penal não tem como objetivo reeducar pessoas que cometeram crimes à sociedade; o cerne dela está em unicamente punir estas pessoas e dentro dela cada vez mais alimentar o crime, já que cria uma rede de pessoas revoltadas com a sociedade que acabam se aliciando a facções grandiosas. Não precisa nem buscar muito na história para ver que isso ocorre cada vez com mais força. Um exemplo próximo foi a rebelião do PCC em 2006 que provocou diversas mortes e uma amostra gigantesca da violência unida a uma ideologia que é criada dentro desses locais.
    Um relato de certa forma pessoal que tenho a dizer é que como moro perto de um ponto de tráfico de drogas, percebi que quando o "dono da boca" foi preso, começaram a frequentar o meu bairro diversas pessoas desconhecida (para um bairro pequeno), logo após surgiram rumores que o homem que estava preso se uniu com o PCC, e assim, de dentro da cadeia ele não deixou de praticar seu "comércio". Mais uma vez nos fazendo refletir que se o objetivo da cadeia é realmente fazer com que o mundo se torne mais justo e menos violento, ela está cumprindo muito mal este papel.
    Apesar de não ser a resolução da raiz do problema, um paliativo seria mesmo um maior preparo da polícia, visto que no documentário foi frisado diversas vezes sua ineficiência e casos de corrupção, focar em políticas públicas dentro da prisão, como educação, saúde, lazer, inclusão a um mercado de trabalho. Seria interessante eles poderem trabalhar lá de dentro, para assim, poder sustentar sua família. Muitas dessas iniciativas já existem, porém são poucos expandidas.

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  8. O documentário mostra como o sistema penitenciário é extremamente falho e injusto apesar de possuir como valor a realização da justiça. Vemos pessoas condenadas por crimes que não cometeram, devido ao despreparo da justiça em averiguar os fatos, pessoas que já cumpriram suas penas, mas continuam presas devido a desorganização dos processos, pessoas que cometeram crimes pequenos convivendo com pessoas que cometeram crimes graves, sem contar com facções opostas reunidas no mesmo ambiente.
    A instituição penal não tem como objetivo reeducar pessoas que cometeram crimes à sociedade; o cerne dela está em unicamente punir estas pessoas e dentro dela cada vez mais alimentar o crime, já que cria uma rede de pessoas revoltadas com a sociedade que acabam se aliciando a facções grandiosas. Não precisa nem buscar muito na história para ver que isso ocorre cada vez com mais força. Um exemplo próximo foi a rebelião do PCC em 2006 que provocou diversas mortes e uma amostra gigantesca da violência unida a uma ideologia que é criada dentro desses locais.
    Um relato de certa forma pessoal que tenho a dizer é que como moro perto de um ponto de tráfico de drogas, percebi que quando o "dono da boca" foi preso, começaram a frequentar o meu bairro diversas pessoas desconhecida (para um bairro pequeno), logo após surgiram rumores que o homem que estava preso se uniu com o PCC, e assim, de dentro da cadeia ele não deixou de praticar seu "comércio". Mais uma vez nos fazendo refletir que se o objetivo da cadeia é realmente fazer com que o mundo se torne mais justo e menos violento, ela está cumprindo muito mal este papel.
    Apesar de não ser a resolução da raiz do problema, um paliativo seria mesmo um maior preparo da polícia, visto que no documentário foi frisado diversas vezes sua ineficiência e casos de corrupção, focar em políticas públicas dentro da prisão, como educação, saúde, lazer, inclusão a um mercado de trabalho. Seria interessante eles poderem trabalhar lá de dentro, para assim, poder sustentar sua família. Muitas dessas iniciativas já existem, porém são poucos expandidas.

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  9. O sistema carcerário já não funciona mais ou muito provavelmente nunca tenha funcionado. O documentário demonstra o lado de quem está atrás das grades, uma pessoa, a partir do momento que fica presa, a partir daí a esperança de vida social saudável desaparece. Ninguém mais confia nessa pessoa, ninguém mais dá uma chance pra essa pessoa e a maioria, pelo menos os entrevistados deste documentário, se tornaram criminosos por não terem tido oportunidade.

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  10. O documentário “Sem Pena” com direção de Eugenio Puppo aborda o sistema penitenciário no Brasil, país com a população carcerária que mais cresce no mundo. O documentário busca procurar as razões, por meio de depoimentos, da precariedade do sistema e mostrar que este é ainda mais a violento do que imaginamos. O personagens do longa são advogados, especialistas do sistema criminal, promotores, pessoas com passagem pela cadeia, dentre outros.
    Percebemos que o sistema penitenciário brasileiro é evidentemente falho e não serve como mecanismo de reintegração do indivíduo para a sociedade e , muito pelo contrário, só serve para deixar essas pessoas ainda mais violentas, sem expectativa de vida.
    Os presidiários são enclausurados em celas pequenas e sem um conforto mínimo, não são estimulados a desenvolverem atividades, aprenderem uma profissão, estudar, não contam com atendimento psicológico. Impossível alguém dentro dessas condições se reintegrar na sociedade de maneira satisfatória, entrando ainda mais para o mundo do crime e estimulados a traficar e comandar o tráfico mesmo dentro dos presídios.
    Vemos cenas que provam a ineficiência do sistema com má averiguação de crimes, pessoas ainda presas mesmo já tendo cumprido suas penas, inocentes sendo acusados, pessoas que cometeram crimes pequenos, muitas vezes, são presas com penas absurdas e obrigadas a conviverem com pessoas que cometeram crimes muito mais graves, facções que atuam dentro de presídios e criminalidade mesmo dentro do ambiente que deveria servir para reintegração.
    Fica claro que o sistema penitenciário e a justiça não tem o objetivo de recuperar e reeducar pessoas que se envolveram com o crime, mas sim punir da pior forma possível e alimentar ainda mais a atração pelo crime e alimentar, por exemplo, facções.
    Há também distinções entre criminosos ricos e pobres, pois estes últimos não possuem regalias, celas especiais e quando soltos não terão oportunidades de emprego e serão sempre vistos como marginais pela sociedade, a mesma sociedade que acredita que a cadeia é remédio para o crime, inclusive se o criminoso for menor de idade desprovido de estrutura familiar, educação e lazer. A mídia também tem papel fundamental nesse processo, em especial nos jornais policias, pois estes transformam crimes em espetáculo e incentivam a sociedade a achar que “bandido bom é bandido morto” ou “ se cometeu crime, merece sofrer na cadeia”.
    Precisamos além de tomar consciência do que é o sistema penitenciário e o real motivo dele existir, ter uma polícia melhor preparada, combater os inúmeros casos de corrupção, focar em políticas públicas para melhorar e reeducar a vida de quem cometeu algum crime, assim como para que outras pessoas não cometam, dando oportunidade e qualidade de vida para quem, muitas vezes, é visto como marginal e “sem futuro” pela sociedade.

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  11. Acredito que o documentário tornou ainda mais claro as ideias de controle sobre os corpos vistas em aula. Diante das diversas falas, dentre os que cumpriram ou estão cumprindo a pena, há um sentimento de incerteza e medo, não há mais importância se ocorreu efetivamente uma infração à lei e também, não é levada em conta a gravidade do crime, todos estão no mesmo patamar, impossibilitados de maiores chances de reabilitação e reinserção na sociedade. De maneira geral, quando não se encontram mecanismos de fuga, como o ato de escrever, por exemplo, ao que parece, a tendência é um aprofundamento dos vínculos com a criminalidade, tornam-se urgentes meios de sobrevivência diante do ambiente hostil.
    De alguma forma, rebate a ideia de “quem não deve não teme”, ou que a menor das infrações deve ser tratada como uma grande infração; hoje, o que acontece, como se diz no próprio documentário é uma “loteria da vida”, não há garantia alguma, quem tem a lei nas mãos decide sobre você, todos são possíveis culpados. Ademais, uma vez que o indivíduo é tido como culpado, adentra-se num universo de difícil escapatória, você é a personificação do mal, um imã de novos processos, sujeito que diante do contexto é impelido a formar alianças, se proteger de alguma forma, integrando facções e perpetuando um litígio que é feito para não acabar.
    Algo interessante é que há a presença forte de uma visão mercadológica seja na atuação da polícia, que tem que entregar estatísticas, números que passem a ideia de que o “mal” está sendo expurgado da sociedade; na própria prisão, ainda que haja superlotação e as condições sejam desumanas, está tudo bem já que é mais barato assim; nos indivíduos que dariam atenção à discussão da razão e da maneira de ser do direito penal, os estudantes de direito voltam-se a questões mais interessantes financeiramente.
    Ao que parece, também, ainda há uma visão quase religiosa de todo o processo, a impressão é que a intenção é realmente purgar o pecado dos delinquentes e do círculo social que circunda esses indivíduos, os familiares; todos seriam essencialmente maus, pecadores.
    Apesar de não ser sobre psiquiatria e talvez, um pouco distante do tema, a ideia geral do documentário me remeteu a "O Alienista", por estar colocado um insano mecanismo que priva a liberdade de grande parte da população sob critérios arbitrários. Ao fim, o verdadeiro louco não seria o médico? Ou, neste caso, a própria prisão não se vale de práticas que ela mesma condena, sendo ela tão criminosa quanto os delinquentes que cria?
    Essas e outras são questões urgentes diante do fato do Brasil possuir a 3ª maior população carcerária do mundo e dos efeitos sociais que este aparelho intencionalmente falho provoca.

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  12. O documentário de Eugênio Puppo mostra as diferentes facetas do sistema penitenciário e como é falho em todas elas. O judiciário não cumpre o direito, a penitenciária não cumpre sua função. Facções criminosas, corrupção dos agentes públicos, arbitrariedade por parte do Estado, preconceito, racismo. Todos são alimentados e alimentam a falida estrutura penitenciária brasileira.

    O sistema prisional gera delinquência, gera violência. Uma “bomba-relógio” é como um dos ouvidos na obra classifica a situação. E o é justamente pelo seu funcionamento, pela sua estrutura. A delinquência não existe apesar da penitenciária e do sistema judiciário, mas sim por conta da penitenciária e do judiciário.

    O que se mostra em toda a obra é como a Justiça se torna injusta, mais que isso, como é desenvolvida para ser injusta desde o começo. Não se deve indenizar alguém que foi preso e posteriormente absolvido, pois isto causaria gastos excessivos ao Estado. Esse discurso, presente no fim do documentário, é muito forte e representativo. O interesse econômico do Estado, o interesse classista das elites, o interesse em burocratizar e controlar os indivíduos. São esses os interesses que pautam e constituem nosso Direito.

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  13. Infelizmente a realidade do sistema carcerário no Brasil é a pior possível. Através de um sistema judiciário em desequilíbrio, a violência é alimentada pela desigualdade onde as prisões tornam as pessoas piores quando comparadas a elas mesmas quando adentraram. Como já dito no documentário, as celas apertadas, os maus tratos por parte dos agentes penitenciários ou qualquer outra forma de denegrir a dignidade humana, serve como ferramenta pedagógica para a faculdade do crime que é instaurada dentro das celas brasileiras. Por um lado o judiciário diz que tem que cumprir seu trabalho, porém, por outro lado, a justiça parece se cumprir em "demasia" quando aplicada aos menos abastados. Em contrapartida em relação aos mais ricos, as fianças e outros recursos são cabíveis e mais fáceis de serem aplicados. De forma geral; a justiça é aplicada de forma desigual e condena apenas o favelado, o pobre, aquele que não tem como se defender. Depois disso, quando preso, aquele garoto que foi pego com maconha, passa a conviver com um assassino que matou 10, 20 pessoas. Com o tempo e convivência o garoto que era apenas um aviãozinho já se "forma" como um assassino na faculdade do crime, também conhecida como sistema carcerário brasileiro. Assim, tendo em vista toda esta realidade, é preciso uma reforma do sistema carcerário no Brasil, porém tal reforma não deve começar com as celas, mas sim no judiciário desequilibrado e na falta de incentivos nas comunidades carentes. Só desse jeito será possível uma readequação afim de evitar novos criminosos e mais injustiça além da que já exite.

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  14. O documentário "Sem pena", dirigido por Eugênio Puppo, retrata o fracasso intrínseco da finalidade da instituição prisional, algo que Foucault analisou e concluiu que, apesar do discurso, a função da prisão não é a de sociabilização, mas a de gestão da ilegalidade. O filme se limita à realidade das prisões brasileiras que, como todos sabem, não é nada menos que uma escola do crime.
    Os valores do Judiciário também são colocados em cheque, quando há casos de injustiça e, esses mesmos casos não são indenizados. O documentário mostra de uma forma muito interessante a cruel relação de criminalidade com o baixo nível socioeconômico dos criminosos. Não que a criminalidade se restrinja à esse grupo, mas por todo o caráter desigual e injusto que o Brasil tem de distribuição de renda, os valores triviais são violados e, devido à influência do sonho de um modo de vida burguês, ou por outros tantos motivos, os criminosos acabam por serem os agentes que caem no círculo vicioso do mundo ilegal. Há no documentário o modo de distinção dos criminosos ricos e pobres, com uma grande disparidade de oportunidades entre os dois.
    Toda estrutura do sistema prisional brasileiro dá a entender que a sociabilização não é o objetivo. Além de reafirmar o problema do encarceramento punitivo de uma forma grotesca, nosso sistema prisional só tende a compactuar e reproduzir a lógica cíclica de criminalidade, punição e volta á criminalidade, num círculo vicioso que nos faz repensar se a instituição prisional cumpre algum papel além do de enclausurar os deliquentes por um certo período de tempo, os devolvendo ao mundo assim como entraram na "reabilitação". Creio que seja inconcebível a concepção de uma sociedade sem um sistema de punição, e cada vez mais, a prisão-aparelho, de disciplina ininterrupta, incessante e despótica, que leva à mais forte intensidade todos os processos que encontramos nos outros dispositivos de disciplina, é a única opção que podemos aplicar imediatamente, à espera de uma nova concepção talvez mais humanizada e mais eficaz.
    Gabriel Chagas RA:21060915

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  15. O sistema carcerário brasileiro cumpre a sua função retrógrada e punitiva que é a execução, por meio da violência, de um projeto de exclusão social que começa no seio da sociedade civil. Organizado para dar "errado" as políticas de segurança pública expressam como nossas raízes históricas marcadas pela violência se perpetuam, mesmo sob o véu de um pretenso regime democrático.

    A tríade funcional da violência sistêmica do país é a exploração do trabalho, a violência policial e a política carcerária e o judiciário com códigos defasados e muitas vezes perpetuador das exclusões da sociedade civil burguesa.

    Nesse sentido, o sistema carcerário é parte integrante de um modelo maior, mesmo assim são dramáticas as histórias vivenciadas por aqueles que participam da gestão da violência no Brasil. A morosidade e as condições sub humanas de convívio em selas super lotadas, são pequenos exemplos de milhares de histórias que se cruzam sob os diversos motivos, legítimos e ilegítimos.

    Aparece como um destaque no filme, como o sistema prisional é um monstro cujos tentáculos abarcam a legislação criminal, a cultura institucional da violência e condenação prévia pelos agentes do Estado envolvidos, bem como a gestão da população carcerária no dia a dia.

    Humilhação e morosidade são elementos recorrentes, fatores cruéis de "distorção" dos fundamentos legais e de procedimentos institucionais que levam a "ladrões de galinha" conviver com "assaltantes de bancos" e "homicidas". O que pode ser garantido de forma generalizada a todos é a tendência a condenação prévia sem provas legais ou a recorrência de associação de crimes que talvez não possa ter realizado de fato.

    O importante, de fato, é encarcerar infratores como se fossem animais para que o modelo punitivo gire a roda da dominação social através da violência sistêmica e institucional.

    A cada caso, tem-se pelo menos 6 meses para poder dizer uma palavra, se tiver sorte!

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  16. Podemos ver a triste realidade que vive o sistema carcerário brasileiro, um sistema ultrapassado, onde a ideia de ressocializar é totalmente ineficaz já que o próprio sistema faz com que o indivíduo piore lá dentro. E é fato que para o estado não é interessante gastar com isso, já que geraria muito custo para não ter um “resultado”. E podemos ver como dito no documentário a “loteria” que é a justiça, onde cada fato é julgado de uma maneira dependendo do estereótipo e tentando ser justo apesar de só levar em conta a pessoa e não o seu ato criminoso. Além de podermos ver que a própria sociedade não entende que é possível um criminoso ser regenerado, ficando com aquela marca para sempre na sua vida, é possível ver pessoas que já cometeram alguns delitos, após incentivos, desenvolverem exelentes trabalhos acadêmicos e são apenas vistos como pontos fora da curva, mas nunca como algo a ser possível de se aplicar a maioria.

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  17. Espero que nao tenha problema eu esta rpostando um dia depois do combinado,as não tive tempo antes...

    Este filme retrata a ralidade do sistema carcerário brasileiro, mostrando como ele foi feito mais com o intuito de punir do que reeducar, e muitas vezes quem entra por coisa pequena tendo contato com facções grandes e migrando para crimes maiores, assim apenas piorando a situação gerando mais criminalidade, também mostra a dificuldade das pessoas de renda mais baixa em garantir uma representação de qualidade perante a justiça, muitas vezes as despesas sendo tão onerosas que acabam tendo que recorrer a advogados publicos e semelhantes que raramente acabam por resolver os casos de maneira adequada, diferentemente de quem possui dinheiro para isto, por fim o filme demonstra a realidade do ssitema carcerário brasileiro e como ainda estamos longe de criar algo realmente eficaz para lidar com estas situações.

    Marcus Vinicius RA11028212

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